Arquitetos
Localização
Jundiaí - São Paulo, BrasilEquipe de Projeto
André Dias Dantas, Bruno Bonesso Vitorino, Renato Dalla Marta. Equipe:Colaboradores
Aline Pinheiro, Ana Claudia Shad, Fernanda Miguel, Heitor Savala, Karin Grabner, Maíra Baltrusch, Marco Ferreira, Rafhael Silva, Samara Zukoski, Thais Brandt, Victor Julio Vernaglia.Ano do projeto
2012Fotografias
Cortesia de DMDV arquitetos
O escritório DMDV arquitetos compartilhou conosco o projeto Museu Histórico e Cultural de Jundiaí, que foi premiado na categoria "Patrimônio Histórico - Requalificação e Restauro" na premiação IAB/SP 2012. Saiba mais após o intervalo.
O projeto para ampliação do Museu Histórico e Cultural de Jundiaí apoia-se principalmente na valorização do verdadeiro patrimônio histórico e na readequação de seus ambientes. Para tanto, se adotou em sua gênese como asserção o respeito e préstimo às partes pré-existentes no sítio. Sem submissão o contemporâneo justapõe-se ao edifício ancestral, servindo-lhe de suporte para que numa relação simbiótica ambos exaltem as qualidades do Museu da Cidade de Jundiaí. Considera-se como valor primitivo do lugar, não somente a matéria rígida histórica, sabiamente protegida como patrimônio histórico, testemunho de outrora, mas também é abarcada neste conjunto a vegetação da cancha, principalmente suas árvores que apresentam feições sugestivas de pertencerem há tempos ao local.
Além do conteúdo físico atual, nota-se o apreço dos jundiaienses pela atmosfera proporcionada pelo binômio, casarão e jardim. Objetivou-se realçá-lo para torná-lo ainda mais atrativo aumentando sua influência no cotidiano da população nativa e ampliando sua importância no roteiro cultural paulista.
A proposta aqui apresentada prevê a conservação, restauração e readequação do antigo Solar do Barão de Jundiaí. Primeiramente, todas as patologias da edificação terão suas fontes encontradas, esgotadas e quando necessário os trechos pré-existentes serão recompostos pela técnica apropriada a fim de garantir a integridade do prédio.
Internamente busca-se ressaltar a autenticidade destacando os elementos antecessores julgados como mais importantes e suprimir aquilo que for classificado como adendo inexpressivo. Paralelamente, as áreas receberão a infraestrutura necessária para adaptação das mesmas em um espaço expositivo contemporâneo, capazes de expor as peças em ambientes seguros com controle de luminosidade, temperatura e umidade possibilitando maximizar a conservação destas e o desfrute do visitante. Além das salas expositivas os setores técnicos necessários ao suporte destas também serão modernizados oferecendo condições equivalentes indispensáveis tanto à reserva técnica quanto às áreas administrativas, dotadas de salas de trabalho e reuniões.
Com essas diretrizes preserva-se a originalidade do corpo principal da casa concentrando as intervenções mais significativas no trecho construído posteriormente e anexado em continuidade ao seguimento da cozinha. Consideram-se apenas alterações internas que se resumem a reorganização de parte de sua divisão e à substituição e ampliação da escada existente. Como consequência tem-se a redistribuição do programa de necessidades que pôde ser ampliado, segundo o plano museológico, e redistribuído com mais qualidade, proporcionando a criação de um percurso expositivo. Este se inicia na sala de acolhimento, lugar para recepção dos visitantes, sendo finalizado na loja do museu, de onde se pode optar por dirigir-se ao jardim ou ao foyer do auditório, já na nova construção.
O novo trajeto expositivo planejado obrigou a mudança do local da entrada principal do museu, que deixou de ser na porta central, sendo deslocada para a lateral esquerda da fachada principal. Para elevar a relevância deste novo acesso, a antiga, porém singela porta de madeira foi juntamente com seus batentes e espaletas, substituída por uma imponente portada de aço na cor grafite e uma fachada em concreto armado na qual se lê as iniciais do Museu (MHCJ) em baixo relevo. Internamente este vestíbulo é enclausurado de um lado pela parede pilada da residência e do outro pelo paredão de divisa, também de barro socado. Esse terá seu revestimento removido para evidenciar a técnica construtiva da Taipa de Pilão, a qual também é valorizada pelo fragmento do antigo muro coberto por telhas cerâmicas, estacionado no jardim.
A partir deste ponto o usuário pode escolher entre acessar a área de exposições, dirigir-se ao jardim ou percorrer a passarela e acessar a Sala Multiuso. A maior virtude da nova entrada é permitir o alcance independente aos diversos ambientes que adquirem autonomia oferecendo-se de maneira singular ao público que usufruirá de cada um sem prejuízo dos demais.
O passeio que parte do nível da rua se torna elevado na medida em que avança sobre o caimento do terreno em direção aos fundos do lote. Os dois caminhos externos permitem tanto a fruição do jardim quanto a admiração do verdadeiro patrimônio histórico do lugar, o Solar do Barão. A fim de intensificar o gozo deste deleitoso ambiente, o plano de ocupação considera o redimensionamento e redistribuição das circulações pelo jardim e condena ao extermínio todas as interferências julgadas inadequadas. Tanto as intromissões vegetais quanto as construídas. Para dar unidade ao passeio e remeter a lembrança do piso de outrora o calçamento especificado para o jardim é em tijolos de barro cozidos justapostos.
Para cumprir a proposição de respeitar o pré-existente, o novo edifício, que nasce a partir da cota de acesso da rua, esgueira-se por entre as árvores primitivas do terreno admitindo até que um tronco extravase a laje de cobertura direcionando seus galhos e folhas para o firmamento.
O passeio superior conduz o transeunte, sempre acompanhado do binômio, casarão e jardim, a uma praça elevada que permite a contemplação deste por novas perspectivas. Adjunto ao solário, a sala multiuso se apresenta e integra-se ao anterior através de suas grandes portas em vidro que aliadas a dois rasgos zenitais promovem a iluminação natural deste recinto. Duas escadas nas extremidades da laje conectam o plano de cima ao inferior. O primeiro serve de abrigo para um trecho do segundo, esta condição foi explorada através da inserção das instalações necessárias ao Café Do Barão, previsto como mais um ponto de atração e suporte ao público do Museu. O novo ambiente, permeado pelo cheiro do grão torrado que é exaltado quando entra em contato com a água fervente, é convidativo ao bate-papo e à admiração do casarão. Observação que se faz com vistas desobstruídas, livre de ruídos provocados por outras construções insignificantes.
Integrado ao salão do café reservou-se um trecho para o foyer do auditório, cerrado por vidros que permitem a integração visual com o entorno. Nesse salão estão os acessos à plateia de noventa e sete lugares e pela lateral, de maneira autônoma, o palco é atingido. A edificação nova conecta-se ao Solar através de uma circulação envidraçada que delicadamente toca a fachada do anexo da cozinha original, cujo antigo porão abrigará os sanitários do centro cultural, ladeados pelo porão destinado à reserva técnica.
O quintal do Museu estende-se desde a fachada posterior do Solar até a Rua Rangel Pestana onde o acesso e áreas de serviço são previstos. Essa segunda é composta por parte da reserva técnica, vestiário e copa de funcionários e demais áreas de serviço necessárias ao atendimento do complexo.